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Atualizado: 4 de jan.


01 Viagem

02 Trégua

03 Lança

04 Fêmea

05 Intro Fachada

06 Fachada

07 Dança

08 Não Queiras Mais de Mim

09 Nuvem

10 O Que For e o Que Virá

11 Manhã

12 Ilha Grande

13 Imaginei

14 O que tiver de melhor (faixa bonus só em CD)


01 Viagem

Faz essa viagem, meu bem

Que as tuas mãos livres venham cheias

Que teus pés descalços ganhem vidas,

serenem no alivio dessa estrada


Faz essa viagem, meu bem

Tudo o que se perde ganha asas,

anjos que caminham lado a lado,

vozes que nos guiam as palavras.


Vai, além

segue vida, segue tempo

como folha na corrente

Vai, meu bem

segue luta, fogo ardente,

choro, riso,

segue, em frente


Voltarás um dia também

como todos nós que um dia vamos

procurando luzes que nos faltam,

encontrando os passos onde andamos


Tens essa coragem eu sei

de largar as coisas mais amadas,

descobrir o sítio onde se lavam

dores que se querem descansadas.


Vai, além

segue vida, segue tempo

como folha na corrente

Vai, meu bem

segue luta, fogo ardente,

choro, riso,

segue, em frente


Voltarás um dia, eu sei,

com teus anjos fortes pelo ombro,

infinito amor em cada asa,

de braços abertos para casa.



02 Trégua

E quando a chuva teima em insistir

no universo onde a chuva é normal

Se molha o sitio de onde não queres sair,

mudas de espaço mas continua igual.


Há qualquer coisa estranha a perfurar

mas essa pele já não sabe sentir.

Já não tem nervo para sair do lugar

Faltam-te forças para parar de dormir


E dormes tu sem chamar a atenção

E durmo eu por te ver a dormir

Talvez por dentro não bata um coração

Talvez a chuva teime em insistir


Mas se o mundo ameaçar o meu chão

eu sei que não vou querer desistir

porque dentro bate forte o meu coração

e vai bater até eu cair

e enquanto bate não me cega a razão

Não vou descer abaixo de mim

Por isso bate forte meu coração

Bate, bate dentro de mim,

bate, bate dentro de mim.


Se o dia grita mas não sabes ouvir

porque é no escuro que te sentes melhor

Quase te acorda mas não sabes sentir

Quase te queima mas não sentes calor


Há qualquer coisa que te faz duvidar

e desconfias do que vem a seguir

O mundo voa mas preferes ficar

A luz acorda mas decides dormir


E dormes tu sem chamar a atenção

E durmo eu por te ver a dormir

Talvez por dentro não bata um coração

Talvez a chuva teime em insistir


Mas se o mundo ameaçar o meu chão

eu sei que não vou querer desistir

porque dentro bate forte o meu coração

e vai bater até eu cair

e enquanto bate não me cega a razão

Não vou descer abaixo de mim

Por isso bate forte meu coração

Bate, bate dentro de mim,

bate, bate dentro de mim.



03 Lança

Não és do rebanho

Não queres ser do rebanho

Não és o gato que chora

Não és o rato que implora

Não és a ovelha que serve

Não és diferente por fora

És um lobo com sede


Do veneno vai nascer

água para caminhar


Todos sabem que não te vais render

Todos sabem que não


O teu amor vai crescer

tuas mãos postas no ar

Quero ser mais do que ser só para mostrar


Não sou do rebanho

Não quero ser do rebanho

Não sou raposa que segue

Nem o cachorro que pede

Não sou serpente que dança

Não estou preso na rede

Estou na ponta da Lança


Do deserto vai nascer

água para caminhar


Todos sabem que não me vou render

Todos sabem que não


O Meu amor vai crescer

Minhas mãos postas no ar

Quero ser mais do que ser só para mostrar


Porque a verdade não cansa

o que é verdade não cansa


Não sou do rebanho

Não quero ser do rebanho



04 Fêmea

É minha

É dela ser minha

ser dela

É fogo

É de água

É mulher

fêmea


Tudo o que quer terá

Tudo o que quer será

Fêmea


Quer luta

paz, espaço

cor, chuva

pele, abraço

dor, cura

fel, regresso

par, alma gêmea


Tudo o que quer terá

Tudo o que quer será

Fêmea


06 Fachada

Não queiras sair sempre a ganhar

se a derrota é o que te dá forma.

O que te transforma é o lado mais fraco

e em tempo incerto, saber confiar


Não queiras sair sempre a ganhar

Não escondas a pele por trás do medo

Coração sincero não disfarça a cor

Não mudes de assunto para parecer melhor


Como escada vais subindo

cada dia descobrindo

qual plano que se segue

para que a escada não se quebre


O teu corpo já cansado

deste jogo disfarçado

Consumido pelo fel,

teu castelo de papel.


Não passes por cima de quem te fez bem

Não deixes que a gula guie os teus passos

Respira na sombra, pensa melhor

Não finjas ser reto quando te convém


Não passes por cima de quem te quis bem

Pessoas já olham e falam baixinho

Não mudes de assunto não juntes veneno

Assume o desvio enquanto é pequeno


Como escada vais subindo

cada dia descobrindo

qual plano que se segue

para que a escada não se quebre


O teu corpo já cansado

deste jogo disfarçado

Consumido pelo fel

teu castelo de papel.


Queres passar a frase certa

para acalmar a ferida aberta

Dizes que não viste nada

mas eu sei que é só fachada

Como quem nunca viu nada

mas eu sei que é só fachada.



07 Dança

Ficam as imitações

esquecem os originais

Jazzpop, Fadorock

os diferentes são iguais

Se é difícil passa à frente

não há tempo, vai tangente

Kizorap, Pimbatrap

segue o barco na corrente


Quando a América manda

Karaoke não cansa

Quando sentes a cópia

do artista da moda


Mas se é para dançar, dança

Tão familiar, dança

Soa tudo igual, dança

Dá para não pensar, dança

Karaoke não cansa


Parece que já ouvi

os acordes da canção

Parece que já senti

tal e qual esta emoção

Se o artista fecha os olhos

é porque é do coração

Talvez seja sentimento

Talvez seja televisão


Quando a América manda

Karaoke não cansa

Quando sentes a cópia

do artista da moda


Mas se é para dançar, dança

Tão familiar, dança

Soa tudo igual, dança

Dá para não pensar, dança

Karaoke não cansa


Querem fama, facebook

insta storie, vale tudo!

Vender mundo sem desdém,

hashtag pai e mãe

Pede palmas, faz barulho

para esconder a lição

Desespero com vaidade

estrela mas sem direcção


Soa tão igual, deixa

Dá para esquecer, sente

Fácil decorar, vende

Dá para atordoar, deixa


Mas se é para dançar, dança

Bate palmas e dança

Se é para dançar, dança

Bate palmas e dança

Fecho os olhos já cansa

Fecho os olhos já cansa

Fecho os olhos já cansa


08 Não Queiras Mais de Mim

Não queiras mais de mim o mundo já topou Não peças redenção da escolha que passou Entraste em contramão, mostrei-te o meu andar. Seguiste sem olhar a tua direção E agora vens fingir que não foi bem assim... Já sabes quanto és, não queiras mais de mim.

E hoje se te pesa a consciência a noção da persistência com que os fracos querem mais Mascaras-te de Norte mas eu vejo-te a ciência, o desprezo, a indecência do que deixas para trás Tudo o que não quero Sei o que mereço Sei o que não peço a quem não pensou dar Eu não imploro para bem do meu umbigo Não calo o meu amigo para ganhar um lugar Não queiras mais de mim Não tenho a solução Não vendas outra cara fingindo o bom Ladrão Silêncios dizem tudo e o que se viu também, Pisaste o meu caminho sem pensar em ninguém

E hoje vem a suja diligência, absurda inocência, impossível digerir. Mascaras-te de forte mas eu cheiro-te a fraqueza, a pretensão, a incerteza no que deixas para colher. Tudo o que não quero Sei o que mereço Sei o que não peço a quem não pensou dar Eu não imploro para bem do meu umbigo Não traio o meu amigo para ganhar um lugar



09 Nuvem Ela tem uma nuvem que não sai,

não avisa quando vem,

é uma nuvem que não quer sair.


Se sol está ela sabe que não cai,

ela sabe que é feliz,

ela sabe como é bom sorrir


Mas se a nuvem quer descer

não a deixa distinguir

se é verdade ou ilusão

se é veneno ou coração


O barulho quer quebrar

ela só sabe fugir

para que pare de doer,

quer saber se é mais seguro aqui


Como um sonho

dói por dentro

Como um sonho, vai passar

Vai ficar bem, sinto também

Como um sonho, vai passar


Ela tem uma nuvem que não sai

ninguém sabe quando vem,

é uma nuvem que não quer sair.


Se o sol está ela sabe que não cai,

ela sabe que é feliz,

ela sabe como é bom viver


Mas se escuro insistir

a montanha vai crescer

cada passo afundar

cada gesto corroer


Como pássaro sem fé,

como noite sem luar,

como barco sem maré

pede força para se renovar


Como um sonho

dói por dentro

Como um sonho, vai passar

Vai ficar bem, sinto também

Como um sonho, vai passar


Como um sonho

dói por dentro

Como um sonho, vai passar

Toda a fúria

vai ter cura

Como um sonho, vai passar.



10 O Que For e o Que Virá

Quanto medo de ser feliz?

Quantas ondas para nos quebrar?

Quantas noites para nos mentir vão passar?

Quanta direção para disparar?

Quanto fogo vão para nos deter?


Meu amor só eu te sei ver,

tudo o que for e o que virá

Quanta canção para nos escrever e nos guardar...


Se cansado teu corpo quer

uma casa para descansar,

deixa o tempo nos construir

deixa andar...

Dura inquietação,

tenta serenar

Qualquer sonho quer

espaço para crescer.



11 Manhã

Quando lá fora o tempo corre

no sítio branco da manhã

tudo demora

sobre a luz pura


Quando lá fora o tempo foge

Adão e Eva e a maçã

E como dura...

perfeita hora


Ouvindo o canto do jardim

respiras tu perto de mim


Digo o teu nome

cruzo os meus dedos

digo que vou fazer melhor

Digo o teu nome

no dia cedo

minha morada

meu segredo

Digo o teu nome,

aceito a viagem.


Quando por dentro a calma vem,

Quando te inunda a ti também,

como melhora

sob a luz crua


E sonho tudo até ao fim

e sonhas tu perto de mim



12 Ilha Grande

Ilha grande, mar lento, demorado

Sou o barco à beira mar esperando,

cais impaciente, ouvindo

e os montes verdes altos olhando


Sou o dia já cinzento em pausa,

as nuvens que me olham filtrando

os dardos de luz nova sorrindo

que tocam no meu corpo ficando


Falta o teu abraço chegando

depois do dia longo subindo

ao segundo andar direito

onde a nossa casa vai indo


Mar relento continua

Tempestade se aproxima

Minha casa junto à praia

Chuva começou caindo.


Ilha grande sou o barco longe

onde me fui procurando,

vento que vai segredando

historias do teu corpo lindo

...

Vento que vai segredando

historias do teu corpo lindo

no segundo andar distante

onde a nossa casa vai indo


13 Imaginei

Livre serei já sem pensar

em ser alguém, perder, ganhar,

livre serei


Quando eu quiser me desprender do furacão,

se me souber deixar levar


Olho a sombra então

do meu coração

ouço o que me diz,

olho a sombra então.


Imaginei

ser capitão do meu navio

e navegar,

imaginei


Tempestade vem

para me desvendar,

renascer da chuva

Tempestade vem


Olho a sombra então

Do meu coração

Ouço o que me diz

Olho a sombra então



14 O que tiver de melhor (faixa bonus só em CD)

Se te vi não sei

mas senti, meu bem,

que o tempo tem sitio para ficar

Entre terra e mar, entre ar e som,

tudo isto é bom para continuar

Vem daí então pelo coração,

vamos descobrir vamos entender,

porque tudo é sem saber porquê

e enquanto nós formos o que der

e enquanto nós formos o que for,

todo o tempo será o que tiver de melhor


Se for livre e leve assim

e caminho para ti

Se for livre e leve assim


Esquece o mundo vão, abre o coração

Vamo-nos cobrir sem ninguém nos ver

deste sol e mar, deste ar e som

Tudo isto é bom para nos guardar

Vamos começar já que o mundo quer

e só porque nós somos o que der

e só porque nós somos o que for,

todo o mundo será o que tiver de melhor


Se for livre e leve assim

E caminho para ti

Se for livre e leve assim


Quase sem querer, brisa a passar

Praia, luar, deixa correr

Se for livre e leve assim.






Atualizado: 4 de jan.





01 Se Me Deixasses Ser

02 Diz Sim (com Vanessa da Mata)

03 Partimos a Pedra

04 Dragão

05 Genérico

06 Amar Alguém

07 Não Me Convides Mais

08 Fogo no Jardim

09 Ao Longe

10 Acho Que Chegou a Hora

11 Não te vejo mais (faixa extra)


01 Se Me Deixasses Ser

Se me deixasses ser

o sítio onde podes voltar

depois do dia entardecer

ou quando a noite te agarrar

O corpo forte de ficar

A casa de permanecer

A casa para regressar

Se me deixasses ser

seja onde for


Se o filme fosse meu

na luta contra o mal

tudo o que te faz doer

morria no final

E quando o escuro não passar

e te cega como uma prisão

vou-te resgatar,

lavar o coração

Se me deixasses ser

Se fosse eu a mandar

fazia-te ver


Frente ao precipício

Juntos pela mão

Se hoje queres saltar

eu quero ser razão


Se me fizesses crer

no sitio onde posso voltar

para um dia entardecer

ou quando a noite descansar

na casa de permanecer

na pedra que fazemos chão,

para me rever,

lavar o coração

Se me fizesses crer

Se fosse eu a mandar

fazia-te ver


Frente ao precipício

Juntos pela mão

Se hoje queres saltar

eu quero ser razão



02 Diz Sim (com Vanessa da Mata)

Se for pra dar o passo, vou provar que dou

Se assim for leve esta canção, vem, coração!

Se passeando junto a mim, sentires... enfim...

Diz sim


Se passo a passo me encostar ao teu lugar

Se deres o passo como eu dou, verás quem sou

Que é bom estar perto, dançar lento junto a mim

Diz sim!


Meu lado fraco para ti

Teu lado quase forte não, não é tanto assim

Vem, diz sim, diz sim, diz sim


Se quiseres dar o passo para onde estou

e passo a passo te encontrar no meu lugar

Ou quando a dança da canção te der razão

Diz sim, então

Diz sim

Ai, não...



03 Partimos a Pedra

Partimos a pedra

Abrimos caminho

Rasgamos montanhas

Esquecemos o perigo

Corremos na selva

no sol do deserto

no escuro da sombra

ficando mais perto


Quem no fundo quer, vai atrás

Quem de longe vê, parte pedra, vai atrás


E se o vento empurrar

nossas velas de algodão

Deixemo-nos levar

acertando a direcção

E se o medo nos ferir

bem para longe da razão,

aprendemos a seguir

acertando a direcção


Um grito sem guerra

Um mapa sem rota

A mão que nos leva,

que nunca nos solta


Partimos a pedra

Abrimos caminho

Rasgamos montanhas

mas nunca sozinhos


E se o vento empurrar

nossas velas de algodão

Deixemo-nos levar

acertando a direcção

E se o medo nos ferir

bem para longe da razão,

aprendemos a seguir

acertando a direcção



04 Dragão

Se eu encher de mar este vazio, será por bem

rasgar o tempo frio,

tirar o pó, perder o nó


Se eu, no furacão romper a pele

e levitar por cima do dragão

Se for ninguém, será por bem


Mesmo longe de chegar

serve de arma esta canção

como ombro p'ra me erguer

Mesmo longe de chegar

serve de arma esta canção

Como abraço para lembrar


Vem se for para ir para lá de mim

Se for para ser, seremos sem ter fim

Se for para dar o que vier


Mesmo longe de chegar

serve de arma esta canção

como ombro p'ra me erguer

Mesmo longe de chegar

serve de arma esta canção

Como abraço para lembrar


Vem! eu quero crer no furacão!

E no dragão,

e na manhã,

e neste rio

E a razão, enfim, virá por bem


Mesmo longe de chegar

serve de arma esta canção

como ombro p'ra me erguer

Mesmo longe de chegar

serve de arma esta canção

Como abraço para lembrar



05 Genérico

Os olhos como água escorrem cores que se espalham

em histórias, luzes, mágoas, que nos tingem, que nos lavam


Vem lembrar quem és

Vem contar quem vês


Há sonhos como aves, livres voos de verdade

Somos de sol e chuva, fogo ausente, frio que arde


Vem lembrar quem és

Vem contar quem vês


Os olhos como arma, são de lutas que disparam

um mar de amor e raiva, céu sereno e tempestade

Vem lembrar quem és

Vem contar quem vês



06 Amar Alguém

Ela não sabe o valor do seu beijo

que o mundo anseia o sopro do seu coração

que aves voam oceanos em seu nome

Ela não sabe a razão


À noite corre pela porta de saída

À noite corre para se rir da ilusão

À noite dança pela rua já perdida

A noite não sabe a razão


Quando ela vem, quando ela vai

ganha o desdém da dor que sai

mas quer amor que amor não tem,

e amor só quer amar alguém.


Ela não sabe o valor do seu beijo

que o mundo espia o calor do seu corpo

Ela não vê que o sabor do seu jogo faz arder o desejo


Quando ela vem, quando ela vai

ganha o desdém da dor que sai

mas quer amor que amor não tem,

e amor só quer amar alguém.


E a manhã regressa só

entre os braços de quem for

Qualquer céu que apague o frio

qualquer fuga do vazio

e só ela sabe bem:

Tudo o que dá ela não tem,

amor só quer amar alguém.



07 Não Me Convides Mais

Se nem o braço me dás

e queres o meu corpo no chão

preso aos dias normais

Se nem o braço me dás

como quem cala a canção

não me convides mais


Como um leão, sem coração

bicho perdido, sem se mexer

não me verás, se não me queres ver


Se tudo em mim parar, não vais notar

Pois tudo em mim parou

e nada em ti mudou, amor...


Se nem o braço me dás

e queres o meu corpo no chão

preso aos dias normais

Se nem o braço me dás

como quem cala a canção

não me convides mais


Como um navio que não chegou

como suspiro, como prever

Nesse lugar, não me vais ter

E tudo o que tentei, não te tocou

Meu espaço que te ofereci

nada em ti mudou, amor...


Talvez um dia verás que sim

e ao longe queiras chamar por mim

Mas tudo o que esperei por ti:

Meu mundo que não serviu

Meu tempo que hoje chegou

ao fim.



08 Fogo no Jardim

Que homem vais ser

quando a altura chegar

Quanto vais ser

no mundo a mudar


Que mulher vais ser

e porque razão

No jardim a arder

o mundo em vão


Se a primeira escolha é só princípio

olhos abertos, corpo em riste,

força no peito pela estrada


E se o vento contra faz chorar

fecha-me os olhos para avançar

erguendo o escudo, nunca a espada


Quem manda vai vencer

Soldado vai lutar

Quem olha sem se ver

No mundo a sangrar

Quem manda diz que não

Quem perde, pede sim

Deserto sem perdão

Há fogo no jardim


Quanto vais ser

E em que direcção

Quanto vais ser

e porque razão


Olho a violência no caminho

Olho a ausência de ir sozinho,

Estendo a mão para me juntar


E se o vento contra traz o frio

põe-me ao leme do navio

fecha-me os olhos para avançar


Quem manda vai vencer

Soldado vai lutar

Quem olha sem se ver

No mundo a sangrar

Quem manda diz que não

Quem perde, pede sim

Deserto sem perdão

Há fogo no jardim



09 Ao Longe

Se for só uma vez,

talvez não se esvazie o ar

Se for só desta vez,

no fim ninguém se vai lembrar

Se for secreta esta canção

não me importa a equação

No fim ninguém se vai lembrar


Fica então entre nós

o barco que ficou no rio

junto à serra do pilar

Será que alguém se vai lembrar?

que era fria a tua mão?

...mas quente foi a solução

No fim ninguém se vai lembrar


Ao longe somos de quem for

Quando a guerra encontra paz

no abraço de outro amor


E o Douro vai correr nos dias a seguir

Os campos vão florir

quando o verão chegar

Teus olhos vão esquecer,

meus olhos cor de mar...

No fim ninguém se vai lembrar


Ao longe somos de quem for

Quando a guerra encontra paz

no abraço de outro amor



10 Acho Que Chegou a Hora

Acho que chegou a hora de te deixar ir embora

se a distância é o que tens para me dar

Do meu lado do oceano ando preso a este engano

de te querer mas não te ter para tocar.


Qualquer coisa deste inverno

tão ausente e mais extremo

dobra o frio de amanhecer em tempo vão

Não sei bem se isto é credível ou se o sítio impossível

é aquilo que me prende à tua mão.


E se penso no teu cheiro a escorrer pelo meu peito,

como paz que se descobre,

como porta que se abre para alegria que desata

Há um sitio que está certo,

que nos faz sentir em casa.


Sei que não sabes se sentes

mas pressinto que me mentes

quando dizes que é finito o nosso céu,

porque quando me aproximo sem pretensa no destino

o teu corpo escorrega para o meu

Qualquer coisa se desmancha

e essa frieza de geixa

dá-se à lua como rio a desaguar.

Há um gesto que se estende num abraço,

e de repente queremos tudo o que queríamos largar.


E se por momentos lembro

A ternura e o segredo

do teu jeito demorado

tão sereno quanto ousado

Nem a dúvida nos trava

Há um sitio que está certo e que nos faz sentir em casa.


Aquilo que sente o corpo que se rende

A luta, a calma, no caminho em frente


Não te engano nem te esgrimo

nem te invento um caminho

Não te julgo, não te peço o que não és,

Quis o Sul dos teus cabelos e o teu sotaque nos dedos,

quis o riso despendido entre as marés.

Quis a brisa vespertina e o teu olhar de menina,

mas não quero se te vejo e não me vês


E se um dia deres a proa do teu barco por Lisboa,

pode ser que nos cruzemos devagar

E se um dia deres a proa do teu barco por Lisboa,

pode ser que te convide para jantar

E se um dia pelo Tejo for real tudo o que vejo,

dou-te o braço e vamos juntos viajar.


11. Não te vejo mais (faixa extra)

Não te vejo mais

De tão longe não te vejo mais

De tão quente o teu lugar para mim

e tão puro que não acreditei

que pudesse ser lugar para mim


Se me queres mais

Se me queres não me deixes ir

De tão longe não me encontrei

e sem ti não sei do melhor de mim


Mas voltei, meu bem, porque percebi

que não sou ninguém, sem ser lugar para ti


Meu inverno não te viu

de dentro da escuridão

Correu cego e fugiu

do teu sonho de verão

Nesta selva onde estou

é difícil distinguir

o engano da paixão

e o caminho a seguir


Mas voltei, meu bem, porque percebi

que não sou ninguém sem ser lugar para ti


E tão longe que voou, para tão longe do que sou...


Não te vejo mais.

Atualizado: 4 de jan.



01 Morena

02 Maria

03 Aquilo Que Eu Não Fiz

04 Sol de Março

05 Do Princípio

06 Fúria e Paz

07 O Que Mereço

08 O Povo Cantava

09 Ameaça

10 Aproxima-te Então

11 Sara

12 Pássaro


01 Morena

Esta morena não sabe

o que o dia tem para lhe dar

Diz-me que tem namorado

mas sem paixão no olhar

Tem um risinho pequeno

e que só dá de favor

Corpo com sede de quente

mas que não sente o calor


Esta morena não dança

quando lhe mostro Jobim

Talvez não goste da letra

Talvez não goste de mim

Cabelo negro sem regra

caindo em leve ombro nu

feito de morno passado

e amor que nunca cegou


Morena no fundo quer tempo para ser mulher

Morena não sabe bem, mas eu no fundo sei

que quando o véu lhe cai,

quando o calor lhe vem,

sempre que a noite quer,

sonha comigo também


Há sítios que ela não usa

por não saber que estão cá

Há mares que ela não cruza

por não ser eu a estar lá

É de mim que ela precisa

para lhe dar o que não quer

Talvez lhe mostre caminhos

onde se queira perder


Esta morena não chora

com um fado negro de Oulman

nem com um poema de O'Neil

na primeira luz da manhã

Sabe de tantos artistas

Canta-me letras de cor

mas não lhe passam por dentro

não lhes entende o sabor


Morena no fundo quer tempo para ser mulher

Morena não sabe bem, mas eu no fundo sei

que quando o véu lhe cai,

quando o calor lhe vem,

sempre que a noite quer,

sonha comigo também


Esta morena não corre quando a chamo pra mim


(E quando ela foge

tanto lhe faz

Quando eu me for

morena não vem atrás)



02 Maria

Que bonita é Pilar...

mas eu não a quero


Que bonita é Leonor...

mas eu não a quero


Inês sabe quanto vale...

mas eu não a quero


Carolina quer-me bem,

mas eu não a quero


Júlia diz que quer também

mas eu não a quero


...eu quero é Maria


Ana dança para mim

mas eu não a quero


Margarida faz que sim

mas eu não a quero


...eu quero é Maria


Maria sabe quem sou por trás das luzes

Sabe quem sou por trás da luz

e só eu sei quem Maria, é



03 Aquilo Que Eu Não Fiz


Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz

não me fazem ver que a luta é pelo meu país

Eu não quero pagar depois de tudo o que dei

não me fazem ver que fui eu que errei


Não fui eu que gastei

Mais do que era pra mim

Não fui eu que tirei

Não fui que comi

Não fui eu que comprei

Não fui eu que escondi

Quando estavam a olhar

não fui eu que fugi


Não é essa a razão

para me quererem moldar

porque eu não me escolhi

para a fila do pão

Este barco afundou

houve alguém que o cegou

Não fui eu que não vi


Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz

não me fazem ver que a luta é pelo meu país

Eu não quero pagar depois de tudo o que dei

não me fazem ver que fui eu que errei


Talvez do que não sei,

talvez do que não vi

foi de mão para mão

mas não passou por mim

e perdeu-se a razão

todo o bom se feriu

foi mesquinha a canção

desse amor a fingir


Não me falem do fim

se o caminho é mentir

Se quiseram entrar

não souberam sair

Não fui eu quem falhou

Não fui eu quem cegou

Já não sabem sair


EEu não quero pagar por aquilo que eu não fiz

não me fazem ver que a luta é pelo meu país

Eu não quero pagar depois de tudo o que dei

não me fazem ver que fui eu que errei


Meu sonho é de armas e mar

Minha força é navegar

Meu norte em contraluz

Meu fado é vento que leva e conduz



04 Sol de Março


O que não está bem, está mal, pois bem,

se eu quiser ser o bem, do mal, de alguém

Talvez o que eu seja queira andar

Talvez o que eu queira seja amar

Talvez o meu nome seja teu

Talvez em teu nome seja o meu

E no fim do dia quem quiser

há-de se inventar depois da dor

E no fim do dia quem se der

há-de ser melhor


Quando não sou livre quero ser

tudo o que está dentro da razão

Quando não estou vivo quero ter

o que não faz parte da canção

Talvez o que eu seja vá mudar

tudo o que não seja em mim perdão

mas o que este dia vem dizer

tudo o que esta luta quer mostrar,

que no fim do dia quem se der

há-de querer ficar


E por tudo o que eu não soube ser

dou-te o sangue do meu corpo vão

E por tudo o que não quis perder

entre a raiva do meu coração

Entre o sol de março a bater

e a curva da desilusão

Entre a casa quente do amor

e o jogo ardente da paixão

E por tudo o que não sei dizer

perdão.



05 Do Princípio

Faz-te bem não pensar de mais no que é melhor para ti

Faz-te bem descansar depois da fuga até aqui


O principio é feliz, no segredo entre as marés

Quando ninguém está a olhar, não vês


O meu principio é aqui

quando este rio se dá ao mar

quando este norte nos largar

O meu principio é aqui


Faz-te bem apagar da pele a linha que escrevi

Faz-te bem não levar o céu que inventei para ti


O principio é feliz, no segredo entre as marés

Quando ninguém está a olhar, mas vês


O meu principio é aqui

quando este rio se dá ao mar

quando este norte nos largar

O meu principio é aqui


Onde esta fuga nos levar

Onde o teu corpo não vier

Onde o meu sangue não pedir

Onde este norte nos levar



06 Fúria e Paz

Minha fúria, minha paz, meu bem

se não fiz o que devia foi talvez porque temia

não te saber serenar

a luta que por dentro

fazia alimento

do mundo a gritar


Não me ouviste chamar

do alto deste monte

tão longe da mentira,

mas perto está o dia

A água desta fonte

só nos pode lavar

A sombra não te via,

mas alto é o nosso monte

bem onde o tempo brilha

Não me ouviste chamar

mas quando à noite vens, eu sei

que és minha


Minha ausência, minha luz, eu sei

que nem sempre te fiz bem

bem longe do que querias

Não te soube encontrar

no fundo da maldade

puxar-te a verdade

para poderes confiar


Não me ouviste chamar

do alto deste monte

tão longe da mentira,

mas perto está o dia

A água desta fonte

só nos pode lavar

Mas quando à noite vens eu sei

que és minha



07 O Que Mereço

Esta noite não chega ao fim

Esta noite não chega ao fim

Não há luz ao fim do túnel

Não há luz ao fim do túnel

Esta noite não chega ao fim


Esta selva não chega ao fim

Esta selva não chega ao fim

Rasga-me mas não me quebra

Rasga-me mas não me quebra

Esta selva não chega ao fim


A desilusão é só mais um passo

há que saber perder, ceder o espaço

Se a desilusão é tudo o que penso

há que saber lembrar o que mereço


Este tiro quer perfurar

Este tiro quer perfurar

Bala no meu peito aguenta

Bala que o meu peito enfrenta

Este tiro quer perfurar


A mentira não chega ao fim

A mentira não chega ao fim

Olha-me mas não de frente

Olha-me e a toda a gente

A mentira não chega ao fim


A desilusão é só mais um passo

há que saber perder, ceder o espaço

Se a desilusão é tudo o que penso

há que saber lembrar o que mereço



08 O Povo Cantava

O povo cantava mas ninguém ouviu

Os olhos pediam mas ninguém se viu

Ergueram-se braços e alguém gritou:

"Lento vazio

que nos secou

Negro este sim

que nos ganhou"


Sei que procurámos mas não há razão

capaz desta fuga pelo coração

capaz deste risco de não ser ninguém

Leve ilusão

quer desviar

a direcção


O mundo a pedir

O mundo a mudar

Ninguém vai ouvir

Ninguém vai olhar

Mas terei a luz

na escuridão

Dentro da pele

deste perdão

Sitio melhor

para conquistar

que sabemos ser

sem nunca chegar


Lançaram palavras sobre a solidão

Falou-se de culpas pediu-se perdão

Há esta maneira de se desviar a direcção

Secreto mar

de escuridão


O mundo a pedir

O mundo a mudar

Ninguém vai ouvir

Ninguém vai olhar

Mas terei a luz

na escuridão

Dentro da pele

deste perdão

Sitio melhor

para conquistar

que sabemos ser

sem nunca chegar


O povo avançava mas já sem lugar

Pede-se justiça mas já sem julgar

Meu corpo cedeu quanto o teu chorou

Negra ambição

que nos cegou

Lento vazio

de querer voltar

ao que passou



09 Ameaça

No segredo da manhã

entre o sol e a vidraça

somos mais do que esta aurora que se arrasta


Há no ar uma razão

A ansiedade que nos caça:

Somos mais que esta ameaça


E quando a noite cai

e o teu corpo vem,

joga-se o calor

de um abraço vão

Olhas para mim

Toco-te na mão

Sabes o que sou

Diz-me tu então:

No silêncio que trespassa

somos mais que esta ameaça?


Do acaso que nos leva

ao caminho que nos junta

somos mais do que esta dança em contracurva


Há um sítio que nos quer

Um poente que nos chama

à semente como cura


E quando a noite cai

e o teu corpo vem,

joga-se o calor

de um abraço vão

Olhas para mim

Toco-te na mão

Sabes o que sou

Diz-me tu então:

No silêncio que trespassa

somos mais que esta ameaça?



10 Aproxima-te Então

Aproxima-te então

quase até ao toque

já não há perdão


Atira-me ao chão

Desvia-me da morte

Já não há perdão

Aproxima-te então


Quando o jogo nos separa

junto à curva da canção

Quando o medo te demora

mesmo antes do refrão

Tudo à noite se namora

Toda a lua nos devora

Aproxima-te então


Tira-me do centro

Puxa-me para dentro

Mostra-me quem sou


Tira-me do centro

Puxa-me para dentro

Pede-me que eu dou


Atira-te ao chão

Neste sítio perto

Já não há perdão


Atira-me ao chão

Neste sítio certo

Já não há perdão

Aproxima-te então


Quando o jogo nos separa

junto à curva da canção

Quando o medo te demora

mesmo antes do refrão

Tudo à noite se namora

Toda a lua nos devora

Aproxima-te então



11 Sara

Sei que deste o teu melhor

Sei que foste o que o dia deixou

Sei que deste a tua dor

e eu não te soube dar o meu perdão

Mas talvez esta gota de água

de uma fonte afastada

te tenha mostrado o caminho

Talvez esta ponte escura

onde a solidão trespassa

Talvez esta aventura

tenha me levado a casa


Sara

Tudo o que dói, sara

No meu peito grita

tudo o que acredita

Se fogo leva a dor, fica o que há depois

Longe da paixão, diz-me se há perdão

Sara


Não te soube encontrar

quando o grito nos cegou

Fraco corpo sobre a praia

Leve sombra que o mar apagou

Mas talvez esta nova espada

já de frente para a batalha

nos possa mostrar o caminho

Talvez hoje o mar adentro

onde o coração dispara

onde o nosso amor de sempre

pode nos levar a casa


Sara

Tudo o que dói, sara

No meu peito grita

tudo o que acredita

Se fogo leva a dor, fica o que há depois

Longe da paixão, diz-me se há perdão

Sara


Sara

Tudo o que dói sara

E no meu peito grita

tudo o que acredita

Se fogo leva a dor, fica o que há depois

Longe da paixão, diz-me se há perdão

Depois do que foi, diz-me se o que dói, sara.



12 Pássaro

Se eu quiser ficar aqui agora

junto ao bater desta ilusão

Vê que a lua cheia não demora

e o luar faz bem ao coração


Não digas que agora não é hora

Não digas que há gente pra esquecer

Vê como esta dança só melhora

Não existe tempo pra perder


O pássaro não vai pousar

O nosso amor não vai dormir

O vento não quer deixar

o nosso amor cair


Sempre que esta corda não se solta

Sempre que nos puxa para nós

Somos tudo o que nos quer de volta

Não digas que por ti tanto faz


O pássaro não vai pousar

O nosso amor não vai dormir

O vento não quer deixar

o nosso amor cair


Tudo o que está certo não se apaga

Tudo o que o destino quer mostrar

Olha-me nos olhos não te voltes

Olha-me não olhes para trás


O pássaro não vai pousar

O nosso amor não vai dormir

O vento não quer deixar

o nosso amor cair

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